sexta-feira, 23 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

E o que você quer ser quando crescer?

Primeiro de tudo: eu não cresci. Ou melhor, cresci um metro depois que nasci...
Todos os dias vejo as pessoas fazendo planos futuros: planos de comprar uma casa, ter um bom plano de saúde, um carro, ter um filho, netos. Ganhar muito e trabalhar pouco e, quando se aposentar, viajar.


Simples, claro. E impraticável nos dias de hoje.

Na Espanha (e isso já começa aqui no Brasil), frequentemente as pessoas compram suas casas para pagá-las o resto de suas vidas. Somada à hipoteca, soma-se o preço do plano de saúde. Um dinheiro que você paga, paga, mas dificilmente vê sair do lugar. Consultas caras, parcialidade dos médicos e exames nem sempre tão completos são infinitamente menos confiáveis do que o serviço público. Bom, o serviço público é outra história...eu diria novela...e novela venezuelana, dessas que não acabam nunca. Mesmo assim, dependendo do caso, prefiro valorizar nosso sistema público de saúde que, acreditem, é menos complicado que dos países vizinhos da América Latina ou mesmo dos EUA.

Somado ao preço da hipoteca, do plano de saúde, vem o financiamento de um carro. É importante ter carro. É? Em SP? Quem tem um carro quer deixar de tê-lo às exatas 17h de dias úteis em avenidas como a Faria Lima e Paulista. Jamais entendi por que as pessoas gostam tanto de carros se os transportes públicos, se funcionassem direito, seriam muito mais confortáveis. Em todos os lugares do mundo onde fui, usei transporte público e, honestamente, adoro pela comodidade de poder viajar lendo um livro, pensando na vida.

Continuando: vc tem uma casa, um carro...logo se casa (porque TEM que casar) e decide ter um filho. Não consegue. Faz tratamento. Não consegue. Daí adotam uma criança.

Eu gostaria que alguém me explicasse porque a adoção nunca é a primeira opção dos casais ao ter filhos. O que é mais importante? O amor entre duas pessoas ou a obviedade dos traços físicos? “Olha, ela é a sua cara”...frases como esta nunca farão parte do vocabulário de filhos adotados, mas é tão mais bonito ver que uma pessoa que a principio não tem nenhuma semelhança contigo adquirir seus modos, suas convicções, pelo simples laço do amor.

Eu ainda adotarei uma criança para ver isso.

Daí já não vai importar se os netos são meus, ou se vou trabalhar muito ou pouco, ou se vou para Bali quando estiver velha, porque vou ter a convicção que nesta vida eu não vim somente a passeio...ou compras.